Morávamos em uma casa antiga e imensa, com um quintal igualmente grande. No fundo desse quintal, havia um poço, e naquela época o banheiro era a famosa “casinha” do lado de fora, onde fazíamos nossas necessidades. Certo dia, a noite chegou e fui tomada pela vontade de usar o banheiro. Era uma distância de uns 10 metros até a casinha, e o medo de ir sozinha me fez acordar meu irmão. Ele, ainda sonolento, concordou em me acompanhar. Seguimos juntos, colados de medo, enquanto uma luz fraca iluminava o caminho até o quintal.
Ao chegarmos, meu irmão ficou do lado de fora enquanto eu entrava. O plano era rápido, apenas fazer xixi, mas uma dor de barriga inesperada me atrasou. Do lado de fora, meu irmão estava inquieto. Até que, de repente, ele soltou um grito de puro terror e saiu correndo para dentro de casa. No susto, mal tive tempo de me ajeitar, saí com as calças meio arriadas e, ao olhar para trás, no quintal, meu sangue gelou.
Mesmo com a fraca iluminação, vi claramente uma mulher flutuando em minha direção. Ela vestia um longo vestido branco, e seus cabelos eram compridos, balançando suavemente no ar enquanto se aproximava devagar, de maneira quase sobrenatural. Tomada por um pavor absoluto, corri para dentro de casa e fechei a porta atrás de mim. Encontrei meu irmão tremendo e chorando debaixo das cobertas, e, sem pensar duas vezes, fiz o mesmo. O medo foi tão grande que, exausta, acabei dormindo.
No dia seguinte, a única coisa que eu e meu irmão falávamos era sobre o que tínhamos visto. Nunca mais ousamos sair à noite para usar a casinha. Hoje, aquela casa já não existe mais. Um barracão foi construído em seu lugar. Às vezes me pergunto, apenas por curiosidade, se as pessoas que moram ali hoje já viram algo estranho ou anormal. Mas, no fundo, acho que é melhor deixar essa dúvida para lá.