Em uma época em que as casas de pau a pique e telhados de sapé formavam o cenário da cidade de Virgínia, ocorreu uma tragédia que marcaria para sempre a história local. Na famosa rua da Pedreira, vivia uma mulher chamada Dita Renó. Certa noite, exausta, Dita acabou adormecendo sem apagar uma lamparina que mantinha acesa em casa. Foi essa mesma lamparina, em sua chama traiçoeira, que caiu e provocou um incêndio, consumindo rapidamente as paredes frágeis e o telhado de sapé.
Dita acordou no meio das chamas, cercada pelo fogo e sufocada pela fumaça. Suas roupas, pesadas e volumosas como era o costume da época, pegaram fogo rapidamente. Desesperada, ela correu para a rua, mas as queimaduras foram fatais, e ela não resistiu.
Meses depois, Padre Dalísio, um recém-chegado à cidade, foi surpreendido por um encontro inexplicável. Certa noite, enquanto dormia na casa paroquial, despertou subitamente e viu a figura de uma mulher, nitidamente vestida como uma senhora de outra época. Era Dita Renó, que, com uma expressão de profunda angústia, disse ao padre:
— Peço encarecidamente que o senhor celebre uma missa em sufrágio de minha alma, que se encontra no purgatório.
Com essa mensagem, a aparição desapareceu. Comovido, o padre atendeu ao pedido de Dita e celebrou a missa pela alma dela. Desde então, a lenda ganhou força. Os moradores antigos diziam que, sempre que algo precioso estivesse perdido ou difícil de encontrar, bastava pedir a ajuda de Dita Renó, e ela atenderia, guiando os necessitados ao que buscavam.