O prédio da Reitoria da Universidade Federal do Paraná ergue-se sobre o Alto da Glória como um guardião de concreto e vidro.
De dia, é só mais um marco da arquitetura moderna, refletindo o movimento da cidade em suas janelas longas e severas.
Mas à noite… à noite ele muda.
A escuridão parece pesar mais nos andares superiores, e alguns — dizem — preferem ser esquecidos.
O pior deles é o 11º andar.
1980 — O primeiro chamado
Naquela década, um estudante, perdido entre a paixão e o desespero, apaixonou-se por uma professora casada.
Numa noite chuvosa, subiu sozinho até o último andar.
Minutos depois, seu corpo foi encontrado no pátio interno, o rosto voltado para o céu, como se ainda buscasse algo lá em cima.
Testemunhas juraram que, antes de cair, ele parecia conversar com alguém — mas ninguém estava ao seu lado.
O eco das mortes
Os anos passaram, mas a tragédia não ficou sozinha.
Em 2005, um aluno de História passou semanas sendo visto conversando com um rapaz alto, de cabelos escuros.
O detalhe? Esse rapaz havia morrido anos antes… no mesmo lugar.
Quando questionado, o estudante apenas sorria, como quem guarda um segredo impossível de compartilhar.
Numa madrugada fria, entrou no elevador e apertou o botão do último andar.
Poucos minutos depois, um baque ecoou no pátio.
2012 — A voz que chama
Uma jovem estudante começou a ouvir seu nome todas as noites.
O som vinha sempre do alto, suave, quase afetuoso:
“Sobe comigo… só mais um passo.”
No dia de sua morte, subiu as escadas com passos firmes, como quem atende a um convite inevitável.
Ninguém viu com quem ela falava.
Hoje — O corredor vazio
Os seguranças evitam o 11º andar depois do expediente.
Não é superstição — é sobrevivência.
Dizem que, de madrugada, o elevador às vezes sobe sozinho e para exatamente lá.
Quando as portas se abrem, o corredor está vazio… mas um ar gelado escapa, pesado como respiração contida.
As lâmpadas piscam, e um som baixo, quase um canto distante, preenche o silêncio.
Se você ficar tempo demais ali, começa a sentir um peso atrás de si.
Não é toque, mas pressão.
Algo se inclina sobre seu ombro, esperando que você vire para olhar.
Ninguém sabe o que acontece se olhar.
Talvez você descubra.
Talvez todos descubram… quando mais um corpo aparecer no pátio, os olhos arregalados para o céu, vendo o que nunca deveria ser visto.
Então, se um dia o elevador insistir em levá-lo até o 11º andar…
Não saia.
Não aceite o convite.
E, acima de tudo… nunca olhe para trás.