Caminhava distraído pela rua quando um homem se aproximou e perguntou:
— Tem um cigarro?
Respondi que não. Segui em frente. Pouco depois, outro estranho se dirigiu a mim:
— Ei, amigo, pode acender meu cigarro?
Disse que não tinha isqueiro. Duas abordagens estranhas num único dia. Continuei andando até chegar a uma encruzilhada. Foi então que um terceiro homem surgiu, usando um chapéu antigo e fumando tranquilamente. Parou ao meu lado e falou com um tom curioso:
— Hoje estou te seguindo, não é? Duas vezes já nos cruzamos. Essa é a terceira. E veja só, finalmente consegui acender meu cigarro.
Fez uma pausa, olhou nos meus olhos e completou:
— Quando eu te encontrar de novo, esteja preparado para acender meu cigarro… Porque nem sempre estarei por perto para te salvar da morte.
Deu uma gargalhada grave e se afastou calmamente.
Foi só então que olhei adiante. Um acidente acabara de acontecer na rua que eu estava prestes a atravessar. Chamas subiam do carro destruído. Percebi, arrepiado, que foi dali que ele acendeu o cigarro.