Em uma cidadezinha esquecida pelo tempo, havia um antigo circo abandonado nos arredores, cercado por mata fechada e histórias que ninguém ousava confirmar. Diziam que, décadas atrás, um palhaço chamado Alegria morava ali. Ele era o astro do espetáculo, amado por crianças e temido pelos adultos, que juravam sentir um arrepio estranho toda vez que ele sorria demais.
Certa noite, após uma apresentação especialmente sombria, o palhaço desapareceu. O dono do circo, desesperado, procurou por toda parte, até que encontrou rastros de tinta vermelha — ou seria sangue? — levando até um velho poço atrás do picadeiro. Quando se debruçou para olhar, algo puxou-o com força, e ele nunca mais foi visto. O poço foi selado com correntes e concreto, e o circo fechou logo depois.
Anos se passaram, mas os moradores dizem que, em noites de lua cheia, é possível ouvir risadas distantes vindas da mata. Algumas crianças relataram ter visto um palhaço sorridente acenando para elas nas beiradas da floresta. Os mais ousados que se aproximaram demais dizem que ele sussurra:
— “Você quer rir para sempre?”
Depois disso, nunca mais foram os mesmos — calados, pálidos, com os olhos sempre arregalados, como se ainda escutassem a risada vindo do fundo do poço.
E até hoje, dizem que quem ri demais perto do antigo circo corre o risco de ser convidado para um espetáculo eterno… lá embaixo, com o palhaço do poço.